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07/11/2010

Racismo

É vergonhoso para a raça humana assistir uma onda de preconceitos, como a desencadeada pela estudante de Direito Mayara Petruso, via twitter, ao discriminar e ofender nordestinos irritada com a vitória de Dilma Rousseff na região. Pode até ser uma manifestação individual dissociada da maioria, mas é um comportamento que precisa ser rechaçado de cara.  Ruth de Aquino, da revista Época (data de capa, 8/11/2010) comenta: O que não falta hoje na rede (internet) é gente como a gente, intolerante e racista. “Além de perder seu estágio e ser processada pela OAB de Pernambuco, Mayara conseguiu outra façanha. Despertou uma onda de comentários de ódio e preconceito contra os paulistas”.  A colunista coloca o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário, referindo-se à eleição presidencial. “Numa eleição em que o presidente Lula estimulou a rixa e a animosidade entre ricos e pobres, sul e norte, é normal que os ânimos continuem acirrados. Anormal é todo esse ódio e desprezo de uma estudante, e logo de Direito”.

NEONAZISTAS

A revista Carta Capital (data de capa, 10/11/2010) também trata do tema de Mayara Petruso. E, na internet, texto de Lucas Azevedo destaca que, no Rio Grande do Sul, skinheads ameaçam senador e ex-ministra negros em vídeo. “Durante uma ação da Polícia Civil gaúcha pelo combate a um grupo neonazista em Porto Alegre (RS), um vídeo chamou a atenção. Em meio a trechos de reportagens sobre a política de quotas nas universidades, cenas de violência entre agressores negros e vítimas brancas, a imagem do senador Paulo Paim (PT-RS) e da ex-ministra da Igualdade Racial Matilde Ribeiro”.

BALANÇO DE ÓDIO

Os grupos racistas gaúchos preocupam. “Em maio de 2005 doze neonazistas agrediram três jovens judeus num bairro boêmio de Porto Alegre durante a comemoração do fim do holocausto. Em setembro de 2007, após um Grenal (partida de futebol entre Grêmio e Internacional), um grupo de punks foi agredido na saída da partida. Um deles recebeu 11 facadas, mas sobreviveu. Já em junho de 2009, dois skinheads atacaram um casal de punks na saída de um supermercado, na região central da capital gaúcha. No mesmo ano, a polícia desmantelou cinco células neonazistas no Estado. Bombas que seriam utilizadas em sinagogas foram apreendidas”.

FABULAS

O noticiário de Época traz também a polêmica que envolve o escritor Monteiro Lobato (1882-1948). “Como qualquer fábula, as de Monteiro Lobato (1882-1948) apresentam seres encantados, bichos falantes e situações inverossímeis. Foram escritas para despertar na criança o gosto pela leitura e fecundar a imaginação. Desde a década de 1920, as histórias do criador do Sítio do Picapau Amarelo têm sido adotadas nas escolas públicas de todo o país”.

O Conselho Nacional de Educação (CNE) acolheu uma acusação de racismo contra uma dessas fábulas e pode bani-la das salas de aula por, de acordo com essa acusação, não “se coadunar com as políticas públicas para uma educação antirracista”.

Quem levantou a questão foi Antonio Gomes da Costa Neto, servidor da Secretaria de Educação do Distrito Federal e mestrando na Universidade de Brasília (UnB) na área de relações internacionais. Ele fez uma denúncia à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial afirmando que o livro Caçadas de Pedrinho tem passagens que incitam o preconceito contra os negros.

O Ministério da Educação anunciou que vai pedir ao CNE que reveja o parecer. “Estão subestimando as crianças”, diz o psicanalista Mario Corso, autor de Fadas no divã. “Se ela se tornar mesmo racista, não será por causa da literatura, mas por causa dos pais ou do ambiente”.

FAMÍLIA HUMANA

A escritora Lya Luft condena, em Veja (data de capa, 10/11/2010), com o artigo “Crucificar Monteiro Lobato?”, condena “essa desculpa malévola de menções a racismo”. Escreve: “O politicamente correto pode ser perigoso e hipócrita. Os meus olhos azuis, como os de um dos meus filhos, e os olhos escuros dos outros dois, como os oblíquos dos japoneses, e os olhos pretos dos árabes, são todos da família humana, muito maior e mais importante do que suas divisões raciais”.

Carta Capital dedica sua capa, “O bode expiatório”, à onda de preconceito. “Estimulada por uma campanha raivosa, parte do eleitorado da oposição declara ódio aos nordestinos. A quem interessa dividir o Brasil?”.

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