Mais de 40 ativistas reuniram-se no dia 02 de outubro de 2010 para protestar o confinamento de três urubus que “compõe” a “obra-de-arte” do pseudo-artista Nuno Ramos, acometido por tamanha falta de criatividade ao ter que recorrer a animais para ilustrar as suas obras que a sua presença na Bienal chega a ser uma ofensa aos artistas brasileiros. Prova disso é a adesão maciça do público presente na Bienal, que não hesita em aderir aos ativistas, aplaudindo e assoviando em sinal de apoio à campanha pela libertação das aves.
Usando correntes e algemas (que, aliás, não foram detectadas pelo sistema de segurança com revista de bolsas e detectores de metal que a Bienal ostenta, mas sem sucesso), dois ativistas da ONG VEDDAS prenderam-se a uma estrutura adjacente à instalação onde os urubus estão confinados e aproveitaram a companhia dos outros ativistas presentes, vindos de várias frentes do movimento, para informar o público visitante sobre os crimes que estavam testemunhando, enfatizando que não se tratava de mera polêmica ou uma simples crítica à obra, mas do testemunhar de um crime ambiental que é muito bem definido pela legislação brasileira.
A exposição foi inaugurada há uma semana (em 25/09/2010) e mesmo antes da data a Fundação Bienal foi alertada pelos ativistas sobre os crimes nos quais incorreria caso permitisse a exposição dessa suposta obra-de-arte, mas optou por ignorar aos avisos. Cinco dias após a inauguração, veterinários do IBAMA estiveram no local e decidiram pelo cancelamento da licença de exibição das aves, determinado que sejam devolvidas ao seu local de origem em Sergipe no prazo de cinco dias (06 de outubro). O parecer dos veterinários do IBAMA foi baseado em maus-tratos, notando que as aves não dispõem de um ambiente adequado, e de fato qualuqer um pode constatar que o local é desprovido do contato com a luz solar, não oferece poleiros para as aves se agarrarem, e ficam sujeitas ao ruído constante que sai das caixas de som instaladas nas três torres onde repousam precariamente, isso sem contar o contato constante com o público e o espaço limitadíssimo que não permite a esse magníficos animais voar por mais que 10 segundos. O “artista” já explorou as mesmas aves em uma exposição em Brasília e pretende (ou pretendia) confiná-las no prédio da Bienal até dezembro.
Ainda que as aves estivessem sendo “bem-tratadas”, isso não justificaria o seu uso, já que, se pudessem escolher, certamente escolheriam estar em seu habitat natural e não sujeitando-se aos delírios de uma mente tacanha e desprovida de criatividade. Mas para essa campanha os ativistas pelos direitos animais não precisam recorrer à argumentação filosófica, pois é no campo jurídico que o município de São Paulo dispõe de uma lei que proíbe a exibição de animais em circos e congêneres. Há ainda uma a Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais), que em seu artigo 32 considera crime praticar atos de abuso ou maus-tratos a animais. Usando como ferramenta a constatação dos veterinários do IBAMA, os ativistas pelos direitos animais tiveram reforçada a sua tese de maus-tratos e entrarão com uma ação contra a Fundação Bienal e o infeliz artista, que responderão por crime ambiental que prevê de três meses a um ano de detenção. A Fundação Bienal responde ainda pela agressão dos ativistas que foram agredidos pela sua equipe de segurança sem provocação, com registros em vídeo que mostram os detalhes.
Tamanho é o constrangimento da Fundação Bienal que os seguranças CENSURARAM uma ativista que aceitou o convite de uma das obras que chama o público para usar o microfone e dizer o que bem entender (proposta essa que está bastante clara na entrada da instalação). Ao dar início à leitura solitária de um texto em repúdio à infeliz obra do “artista” especista, seis seguranças se reuniram em torno dela, arrancando os cabos do microfone e tirando o microfone do seu alcance, em um ato claro de censura e repreensão que só serviu para reforçar o coro entoado pelos ativistas durante as quatro incansáveis horas em que, acompanhando os ativistas que estavam algemados à estrutura do prédio, gritavam: “Bienal, que vergonha!”.
Fonte: VEDDAS – Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade
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